O nosso quintal!!!


É um grande desafio o trabalho na Educação Infantil, maior ainda é ir contra uma corrente antiga e impregnada da escolarização e da preparação da infância para algo ou alguma coisa. É um desconsiderar a criança, achá-la incapaz ou um não-ser, ou pior, um vir a ser pois ainda não é. Desvincilhar-se desse caos e passar a perceber o mundo além da sala é perceber uma criança produtora de cultura. E em outros espaços, em outras interações o mundo se abre, se amplia, e o que era apenas professor-criança, criança-criança, criança-professor passa a ser criança, flor, árvore, terra, areia, criança, professor, sol, chuva, aranha, formiga, borboleta, criança, mato, vento, fumaça, água.
Sabemos que cada vez mais as crianças são confinadas nas zonas urbanas, seja pela falta de segurança e pela violência, seja pelas construções cada vez menores, ficam horas presas limitando-se a brincar com jogos e vídeos, sendo assim a Educação Infantil uma das únicas oportunidades delas interagirem e entenderem a natureza ao ar livre. Entretanto não é o que encontramos.
"Cada vez mais se colocam lajes nos pátios e encurtam-se os horários de se estar nesses locais, com a desculpa de que o fato de as crianças encherem os sapatos com areia, se sujarem com o barro, se molharem com água causa "transtornos e trabalho". Também existe a crença de que, para as crianças realmente aprenderem o que a escola tem de ensinar, as atividades com lápis e papel realizadas em mesas devem ser as mais importantes."(HADDAD, HORN. p-9, 2013).
Contudo a maioria das escolas infantis nórdicas priorizam esse contato ao ar livre, independentemente de terem chuva ou sol, neve ou vento. As crianças são estimuladas a explorarem a sua curiosidade, a pesquisar pequenos insetos e animais, construirem cabanas e cavernas, a observarem e interagirem com o mundo natural. Em São Paulo os parques infantis de Mario de Andrade na década de 30 tinham como princípio compreender a infância ligada a natureza e suas construções priorizavam a brincadeira e a espontaneidade infantil.
Infelizmente o que vemos hoje é a escolarização precoce das crianças, mantidas em salas fechadas em que o professor é o que fala tem o controle, o espaço externo é usado apenas para que estas "gastem"a sua energia. Essa é uma realidade tão clara que podemos perceber já na maneira como são construídas e organizadas as escolas.
Eis o nosso desafio: como transformar os espaços em lugares de aprendizagem e interação? Primeiramente perceber as crianças como protagonistas da organização de seus espaços; observando-as e procurando tornar estes espaços significativos propiciando a interação, a pesquisa, a exploração; oferecer materiais variados que estimulem a brincadeira e entender que todos os espaços são potenciais para o brincar e o interagir; oferecer espaços seguros mas que também imponham desafio às crianças e principalmente tirá-las da clausura da sala de aula.
Para tanto ficamos com as palavras de Janaina Fontoura Caobelli ( Mestre em Zoologia e especialista em Educação Infantil) :

"É momento de arregaçar as mangas e perder o medo de ultrapassar os muros da escola e dos nossos preconceitos. Precisamos proporcionar às nossas crianças as maravilhas de ver, tocar, sentir o mundo em que vivem, aquele do qual fazem parte, junto com os outros animais e plantas. E por que não começar amanhã mesmo, ali no nosso pátio?"(p-36, 2013).

























REFERENCIA BIBLIOGRÁFICA:


REVISTA PÁTIO- Educação Infantil. Educação Infantil e Espaço Externo. Edição de Março e Abril 2013. Grupo A.



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