O Material Não Estruturado

Tecidos, caixas, tampinhas....Há algum tempo temos trazido algumas propostas com materiais não estruturados, mas ainda não tínhamos discutido as inúmeras possibilidades que eles nos oferecem. Materiais simples que permitam, as crianças transformar os objetos e os espaços oportunizando uma experiência nova e enriquecedora a cada brincadeira. Por vezes, as crianças ficam muito felizes em coletar esses materiais mobilizando seus pares e sua família nessa tarefa.  Além dos já citados temos também cones, carretéis, madeiras, conduítes, pneus, recicláveis, cordas, elementos da natureza (terra, areia, flores, sementes, pedras, galhos) e muito mais por experimentar.
Diferente do brinquedo convencional esses materiais trazem um desafio de criar, de inventar e a criança vivencia um ambiente que convida a investigar, a pesquisar, a refletir sobre o objeto e as possibilidades de ação sobre ele.
O uso destes materiais propicia a construção de espaços, tempos e brincadeiras na rotina das crianças, levando-se em consideração o que pensam, sentem, desejam e interagem. Através desse materiais elas agem e pensam, modificam seu uso, os transformam ressignificando dessa maneira o mundo que as rodeia. Usam o jogo simbólico para se colocar no lugar do outro, viver papéis diferentes e assim conhecer e respeitar a diversidade e outros pontos de vista.
O mesmo material pode ser apresentado de diversas formas para as crianças e assim criar uma infinidade de brincadeiras. No caso do tecido: grandes, pequenos, retalhos e tiras fazem toda a diferença quando as crianças criam com seus pares as brincadeiras e seus enredos. São cabanas, tendas, brinquedos de vestir, adereços, roupas de boneca, o tecido tem movimento, isto propicia muitas possibilidades e até intervenções no espaço. 



Nesse jogo de salvamento as crianças estão utilizando uma corda de tecido, são tiras de tecido trançada.

Já essas tiras de tecido amarradas numa estrutura de balança (que não estava sendo utilizada com esse fim) criou um jogo coletivo.
As caixas podem ser grandes, pequenas, abertas, fechadas.... Quantas brincadeiras!
Esse material possibilitou que as crianças criassem um carrinho e experimentando descobriram que ele desliza com mais velocidade no escorregador, além disso, surgiram camas; berços ora para as bonecas, ora para as crianças; casinha; mesas...

Casinha e garagem.
Pista de carrinhos

Cama
Corrida de obstáculo
Construindo Torres
Suporte para o desenho com carvão
Caixas e tampinhas




Mosaico de tampinhas

Nesse contexto o papel do educador é fundamental na medida em que propicia um ambiente acolhedor, propulsor de experiências e aprendizagens, além de materiais desafiadores, estéticos e versáteis, como nos diz GIROTO (2013)
"para isso, é fundamental que os objetos e todo o espaço tenham sido planejados para as crianças de fato. Que os materiais sejam organizados ao seu alcance e de maneira compreensível para que possa guardá-los e recuperá-los. Que ela possa agir sobre os objetos e interferir no espaço com autonomia e criatividade."

Materiais como esses simples, versáteis, de baixo custo que não foram pensados para ser brinquedo, mas permitem a exploração, incentivam a ludicidade, são propulsores da brincadeira. Além de ser instrumento de escuta, pois através deles as crianças criam infinitas possibilidades de brincar, os educadores atentos aos caminhos percorridos pelas crianças podem  ouvir, olhar, sentir o que elas pensam, criam, sonham e conhecem, trazendo novas perspectivas e possibilidades para o brincar.


BIBLIOGRAFIA:

GIROTTO, Daniela. Brincadeira em todo canto: reflexões e proposta para uma educação lúdica. São Paulo: Peirópolis, 2013.


Comentários

  1. muito bacana, mesmo!
    também faço uso de materiais assim e propostas parecidas.
    !

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